Equilíbrio Masculino
- Marcelo Maheshwara
- 29 de jun. de 2020
- 4 min de leitura

Yng e Yang, Tupâ e Jaci, Shiva e Shakti, Sol e lua, marte e vênus, enfim, as mulheres são lunares, os homens, solares e suas energias regentes?
A natureza tem seus ciclos que se manifestam em cada ser.
No campo do masculino, temos um sistema de sintonia e de expressão energética bastante distintos da mulher.
Nitidamente quando comecei a olhar meu lado feminino, comecei a desenvolver uma energia completamente diferente, atenta e expansiva as emoções e a natureza que flui internamente.
O masculino que amplia a energia feminina consegue fortalecer e equilibrar melhor o masculino numa expressão mais natural.
A regência energética masculina, já há muito tempo perdida e bastante distante dos padrões exercidos e conhecidos atualmente causaram um desalinho com a natureza feminina promovendo degradação clara das relações humanas. O sistema patriarcal não prejudicou somente as mulheres e a mãe natureza, mas também o masculino que não sabe mais como lidar com relações, com a vida socialmente confortável, saudável e equilibrada. Alguns homens confiaram a mim conversas e alguns sentimentos por estarem sofrendo em silêncio. O afastamento da sua natureza, da alma e suas emoções deslegitimam a força de poder partilhar este sentimento com o exterior, afinal um homem que exponha emocionalmente em suas fragilidades é contextualizado como um “fraco" para o patriarcado e o machismo estrutural.
Ensinaram aos homens que para serem poderosos devem possuir bastantes recursos financeiros, símbolos capitalistas, símbolo do homem provedor e nutridor da demanda e a consequência foi desastrosa, uma vez que ao correrem atrás de uma ilusão e de uma projeção sobre si em detrimento do ambiente não sadio, o homem tornou-se lentamente mais fraco, abdicando de absorver a essência das relações para ver a vida como uma competição, uma guerra em que o alvo é estar mais longe do seu centro. O simbolismo fálico virou uma arma de domínio inconsciente e agressivo a vida social. Pela visão do Dakshina tantra, Shiva lingan nada tem relação com gênero.
Eu por exemplo, não escolhi ser heterossexual, minha orientação sexual é apenas inerente a mim, não uma escolha que faço como colocar uma roupa. Por este motivo da influência sobre o “ser masculino”, muitas vezes homossexuais tem o masculino mais equilibrado do que heterossexuais. Umas das divindades da antiga índia é Ardhanarishwara, um ser andrógino que representa o feminino (Shakti) e o masculino (Purusha) nos mesmo corpo. Masculino do lado direito e o feminino do lado esquerdo. O nome Ardhanarishvara significa "o Senhor que é meia mulher". Estes ligados diretos aos canais energéticos, “Nadis” Ida e Pingala, canal solar e lunar que descem pelas constas dos seres humanos.
Textos antigos como os Puranas e Yamas descrevem melhor sobre esta figura mitológica por Vishvarupa e Prajapati relacionando a figuras mais antigas de 8.000 anos como Agni . Deus Agni como fogo é um dos cinco elementos impermanentes inertes ( pañcabhūtá ) junto com o espaço ( ākāśa), água ( ap ), ar ( vāyu ) e terra ( pṛthvī ), combinando os cinco para formar a existência material empiricamente percebida ( Prakriti, , Shakti ou a natureza ). A ancestralidade de Agni soman-se a Indra, entidade mais descrita no Rig Veda, o primeiro veda e Soma ou Chandra (lua ou planeta mercúrio – Bebida Sagrada, energia feminina, grande mãe, Vishnu) na cultura pré-vêdica ancestral de uma sociedade matriarcal da Antiga índia. A consciência masculina está atrelada diretamente a capacidade de permanecer absorto em si e unificado com Brahma, o todo.
Essa má interpretação veio de várias formas como a religiosidade, depois a escrita que se transformou em arma de poder sobre povos ancestrais. Esse foi o ponta pé inicial para o patriarcalismo promover a degradação da ancestralidade e do matriarcalismo impondo suas visões que diminuem o feminino em si e a sua volta. Precisamos compreender que nós temos o masculino e o feminino dentro de nós, e esta união cósmica é o caminho do tantra e do Yoga com essas bases.
O resgate em honrar o feminino em essência dentro de si trás o olhar, a fala e a ação de honrar, respeitar e acolher o feminino a sua volta, respeitar suas manifestações e seus corpos. Tenho visto claramente a medida que homens se olham e olham suas violências sofridas e realizadas pelo seu masculino ferido, a possibilidade de cuidar destas feridas. Hoje ainda recomendo umX psicólogX para amigos homens pois é uma possibilidade de ver melhor essas feridas. Precisamos recomendar terapia para ajudar homens em suas questões emocionais e mentais. Eu faço e recomendo.
Sim, existem uma gama de práticas, terapias, cursos, atividades e cada uma pode contribuir de alguma forma a este reencontro consigo. O masculino desalinhado promove uma objetificação de corpos externos e da sua própria sexualidade que muitas vezes são construídos pela indústria da pornografia que desconstrói a humanidade.
Esse construir do olhar e da prática sexual tem alimentado uma disfunção as relações humanas mecanizando emoções, sensações profundas e legitimas de seu corpo, e não compreendendo como promover autocuidado em doar e receber. Desejo que todos nós que estamos preocupados em criar um mundo novo em nós mesmos, permaneçamos completos, em experiências físicas, emocionais e mentais.
Possamos manifestar nossos olhares, prazeres e relações como cantamos melodias e outros conseguem perceber as essências através de suas almas selvagens numa grande união sagrada do ser uno. Cada alma que foi perseguida, queimada, torturada, subjugada se transforme no propósito das mudanças destes seres reunificando todas as energias da nossa ancestralidade. Que toda a verdade que sinto seja manifestada pelo meu coração.
Namaskar!
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